Boas expectativas no Brasil apesar da pandemia

Apesar da economia instável, o mercado de termossolar no Brasil cresceu aproximadamente 6% em 2019, com a adição de 1,32 milhões de metros quadrados (0,91 GWth). O aumento se deve, em parte, a novos clientes do setor comercial que possuem grande consumo de água quente e haviam sofrido queda nas vendas dos últimos anos. Estabelecimentos como hotéis, academias e salões de beleza cada vez mais percebem a tecnologia de aquecimento solar como uma alternativa de aumento da competitividade através da redução dos custos operacionais. A pesquisa de mercado mais recente, conduzida pela ABRASOL (Associação Brasileira de Energia Solar Térmica), mostra mais uma vez que os consumidores industriais ainda não descobriram as soluções térmicas.
Gráfico: ABRASOL (2019)

De acordo com Oscar de Mattos, presidente da ABRASOL, a base do mercado nacional de termossolar ainda é o setor residencial, que constitui 65% de novas instalações. Ainda assim, a cada ano é possível perceber um crescimento no comércio e na indústria. Na sua opinião, isso se deve a uma busca contínua de otimização de recursos para redução de custos. “Se tomarmos o setor hoteleiro e academias de natação como exemplo, o aquecimento de água para piscina e banho representa uma das maiores despesas. Há alguns anos atrás, quando ainda não havia tanta competição, talvez eles não dessem tanta importância para essa redução de custos”.

Ganho de competitividade com aquecimento solar
Carlos Artur Alencar, diretor executivo da Enalter, uma empresa de produtos e serviços solares, também percebeu o aumento da demanda no setor hoteleiro em 2019. “Existe um aumento de conscientização progressivo sobre energia solar. Cada vez entende-se mais que energia solar térmica é um instrumento de ganho de competitividade”, ele afirma.


Coletores solares instalados no telhado dos edifícios fornecem aquecimento de água para vestiários e piscinas no Minas Tênis Clube II, em Belo Horizonte.

Imagem: Enalter

Mercado conta apenas com soluções econômicas
Sem o apoio direto do governo além de redução tributária, o mercado brasileiro de aquecimento solar volta a depender apenas de prover soluções economicamente viáveis para os consumidores.

Entretanto, apesar das questões políticas e econômicas do país, as expectativas para o fechamento de 2020 são positivas. De acordo com Mattos “houve um aumento de reformas em residências. Desde agosto o movimento tem crescido e estamos bastante otimistas com o resultado previsto até o fim do ano”.

Alexandre Moana, diretor da Energias, empresa de eficiência energética, também acredita na recuperação do mercado. Para ele, a demanda foi reprimida durante o primeiro semestre de 2020, mas com a reabertura do comércio haverá a retomada da procura, ainda visando o ganho de competitividade.

Moana percebe, também, que uma possível mudança de legislação pode ser positiva para o mercado: proprietários de instalações fotovoltaicas poderão ser taxados sobre a distribuição de energia solar elétrica na rede pública. “O fotovoltaico teve muito incentivo desde 2015 mas, com a mudança na regulamentação, a vantagem do termossolar aumenta. O momento é de ascensão do setor”, afirma.

Organizações mencionadas no artigo:
https://www.abrasol.org.br/
http://enalter.com.br/
https://energias.com.br

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